Tróia 2017 |
Consumir informação (e desinformação) é muito fácil nos dias de hoje. Opinar sobre tudo e mais alguma coisa nunca foi tão simples. Está tudo muito acessível e global. Lembro-me que há uns largos anos atrás, quando estava na faculdade e estudava sobre o fenómeno da globalização e o impacto na alimentação das pessoas do mundo inteiro, estava a perceber-se que a comida típica de cada povo, os alimentos nativos de cada cultura e de cada terra, estavam a desaparecer e a ser substituídos cada vez mais por comestíveis (conceito muito diferente de alimentos) no século XXI. E o que se tornava moda nos EUA, no dia a seguir (agora é no segundo a seguir), passava a ser moda em qualquer país do mundo.
Nada contra, desde que não se deixe de honrar e dar uso à sabedoria que nos trouxe até aos dias de hoje, nem se deixe de usar a parte do cérebro responsável por relacionar tudo o que nos vem parar ao prato, desde a sua origem, até ao resultado final do seu consumo, ao impacto que tem no corpo e na mente. É que isto tem consequências. O consumismo atual, que vai muito para além comida, o consumo de coisas, de pessoas, do que for... é grave. Transforma seres em "teres" e "fazeres" humanos viciados e desconectados. É como aqueles equipamentos que para se manterem ativos precisam de estar permanentemente ligados à corrente, porque perderam a conexão com a sua própria bateria. O nosso corpo também assim é.
Na verdade, esta foi apenas uma introdução, que cresceu sem querer, sobre o que gostava de escrever aqui hoje no que respeita a mudanças, mais especificamente transformações internas, mas ficará para uma próxima vez. Antes de terminar, gostava de te deixar uma sugestão: quando dizes que queres mudar algo em ti, um hábito alimentar ou de vida E procuras ajuda para isso, perguntas-te a ti primeiro se queres mesmo mudar?
Aconselho-te vivamente a fazeres esta pergunta a ti primeiro, mas não quando estiveres ligado à corrente, não quando estiveres a comer aquela nata ou bolinho "sem açúcar" para compensar a ausência deste no café. Quando simplesmente estiveres ligado à tua própria bateria, aquela que te faz correr o sangue nas veias na velocidade certa. Nesse momento pergunta a ti mesmo se realmente estás preparado para uma mudança interna. É que se queres melhorar a tua saúde, emagrecer, aumentar de peso, eliminar as dores em geral (de cabeça,...), os distúrbios gastrointestinais, os problemas de pele, as alergias, a síndrome pré-menstrual, a fadiga, as infeções recorrentes, etc., etc., precisas de querer também mudar hábitos alimentares e de estilo de vida.
Para isso precisas também de querer ver o que está por detrás dos teus hábitos e das tuas escolhas. Ver com os olhos do corpo, não aqueles que nos dão imagens externas, mas os que nos dão sensações profundas, aqueles que mexem na nossa bateria própria e a fazem carregar-se autonomamente.
Ao escrever isto, estou a lembrar-me de umas palavras que ouvi do Salvador Sobral (acho que já toda a gente sabe quem é), numa entrevista que passou na RTP no Domingo passado. Bendito dia que fui visitar os meus pais, se não, nem saberia que tinha havido a Eurovisão... e estávamos a almoçar quando começou uma entrevista deste menino realizada no mês passado... Bem, confesso que saltei da mesa para o sofá, pois não se consegue ficar indiferente a tamanha autenticidade. O Salvador diz algo do género, a música não é fogo de artifício, a música é sentimento. E acho que isto diz muita coisa. O que nos muda, o que nos transforma não é o fogo externo, é antes aquele que vem de dentro, que como diz Camões, que arde sem se ver.
Muitos parabéns Drª Lea. Que lindo texto!
ResponderEliminar<3
Eliminar