o que sentes, quando te parece que o caminho é demasiado longo? ou complexo?
deparo-me com esta realidade diariamente, através de conversas com amigos, colegas, pacientes... na minha vida... não sei se é uma percepção minha exacerbada ou se habita na mente dos outros de forma semelhante.
confesso que apenas sei falar do que sinto, por isso nada do que escrevo é ditado.
talvez andemos a pensar demais e a sentir de menos, a planear demais e a realizar de menos;
a ouvir demais os outros e a escutar de menos a nós próprios.
a questão é que o caminho vai parecer sempre longo, porque nunca se vê o fim, porque não há fim. o fim não existe. estamos sempre no meio. e estar no meio por vezes inquieta-nos. não queremos estar no meio, queremos estar lá na frente, a controlar o caminho. queremos já estar lá. mas isso é contra as leis da natureza. e nós somos regidos, antes de qualquer outra coisa, por estas mesmas leis. e ela (a natureza) ajuda-nos, se respeitarmos os seus ciclos. mas não podemos desistir, mesmo quando às vezes se tenha de sair da auto-estrada e percorrer um caminho de pedras e às escuras, que a velocidade tenha de ser reduzida de 120 para 5km/h ou mesmo para zero! às vezes os pés estão feridos e a solução é mesmo parar. às vezes temos sede e a solução é pedir água para poder avançar. lembro-me sempre dos peregrinos, quando passam em frente à casa dos meus pais a ir para o Santuário de Fátima, sentam-se naquele banco de pedra em frente ao poço, quando vêem alguém pedem água e lá voltam a ganhar forças para continuar.
é mesmo isso. ganhar forças para continuar. ao mesmo tempo, percorrer o caminho de pedras é o que nos permite desenvolver mais músculo. e quanto mais músculo temos, menos força precisamos fazer para avançar nos caminhos mais íngremes. mas o músculo só se mantém se continuarmos a usar a força. e assim por diante.
nos processos terapêuticos, sejam do corpo, sejam da mente, acontece exatamente o mesmo. caminhos de pedra podem ser necessários e por vezes até constituem atalhos, que além de nos levar mais rápido, ainda nos proporcionam pequenas sestas ao sol em bancos de pedra e aquela sensação de matar a sede com água fresca nas tardes de calor.
o que sentes quando te parece que o caminho é demasiado longo? o que fazes com o que sentes?
rascunhos da Lea
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