Tenho sido procurada por pais preocupados em saber se estão a proporcionar uma alimentação equilibrada, completa e saudável para os seus filhos, desde a alimentação diversificada (a partir dos 4 a 6 meses) até aos primeiros aninhos de vida.
Maioritariamente, são pais vegetarianos ou semi (comem peixe), que gostariam que os seus filhos crescessem afastados da carne (sobretudo) e do leite de vaca. O curioso é que alguns pais até já experimentaram dar alguma carne, como frango, às crianças, por insistência de alguns pediatras, mas a rejeição é contínua. De fato, não é obrigatório o consumo de carne (e até de peixe, no caso de pais vegetarianos mais estritos, por razões éticas ou afins) nos bebés e crianças muito pequeninas (por exemplo até aos 3 anos) para haver um crescimento saudável e harmonioso.
O objetivo deste post não é discutir se a alimentação infantil deve ou não ser vegetariana (isso deve uma opção muito consciente dos pais), o que venho aqui escrever é um alerta aos pais relativamente ao que é recomendado para as suas crianças e questionar se de fato o que a maioria das pessoas faz é o mais correto.
Eu explico: já todos ouvimos falar do excesso de açucar que as nossas crianças ingerem e dos graves prejuízos que trazem para a saúde. E a alimentação infantil? Quero dizer, a alimentação para bebés e crianças de idade pré-escolar?
Eu explico: já todos ouvimos falar do excesso de açucar que as nossas crianças ingerem e dos graves prejuízos que trazem para a saúde. E a alimentação infantil? Quero dizer, a alimentação para bebés e crianças de idade pré-escolar?
As crianças comem o que lhes damos, nascem com um gosto inato para o doce (mas o doce subtil do leite materno), os outros, como o amargo, o ácido e o salgado vão-se aprendendo a gostar à medida que iniciam a diversificação alimentar.
O problema é quando começam a introduzir aos 4, 5, 6 meses ou mesmo no 1º ano de idade papas de cereais, papas de fruta e refeições pré-preparadas da indústria de Alimentação Infantil (não estou a referir-me a todas as marcas, felizmente há uma ou outra sem adição de açucar, mel e outras substâncias que só servem para aumentar a palatabilidade do produto e o tempo de prateleira). Uma das consequências disto (para não falar das mais diretas) é que se habituarmos as nossas crianças as estes produtos, logo logo não vão querer papas mais simples (das marcas biológicas e/ou isentas de açucar ou papas feitas em casa de aveia, muesli ou outros cereais, com leite de fórmula ou vegetal, como de arroz ou aveia), não vão aprender a gostar tão facilmente dos legumes, sobretudo os verdes, porque são amargos.
Uma das recomendações de nutrição infantil é que pelo menos até aos 3 anos não se deve dar nenhum tipo de açucar adicionado (como o que já parte integrante das papas comerciais) às crianças, mas vejam os rótulos que tenho pedido a algumas mães para trazerem para a consulta:
(Nota: o objetivo é alertar para a leitura de rótulos e lista de ingredientes e não para as marcas, uma vez que as estas vão evoluindo...)
Os primeiros cereais:
Farinha não láctea com glúten para bebés a partir dos 12 meses até aos 3 anos
Ora, tendo em conta que as listas de ingredientes (Legislação Alimentar) estão descritas por ordem DECRESCENTE, em:
1º lugar: 76% de cereais
2º lugar: sacarose = açucar
3ª lugar: dextrose = açucar
4º lugar: carbonato de cálcio
etc.
Outro exemplo, equivalente, mas com cereais e mel!
Considerando que o mel pode ser um produto nutricionalmente riquíssimo e ainda contém enzimas vivas (o pormenor é que isso só acontece no mel caseiro ou biológico, que não foi submetido a elevadas temperaturas ou processado, para ser adicionado num alimento). Assim, neste caso o que estava vivo entretanto morreu "cozido" e estamos perante mais uma fonte de algo que não é mais que açucar.
Assim:
1º: 50% cereais
2º: açucar
3º: maltodextrina = açucar
4º: mel 5% = açucar
5º: fruto-oligossacáridos (é um tipo de fibra benéfica)
etc.
Muitas vezes seguimos o que a maioria faz ou recomenda sem questionar muito e depois existem aquelas mães com um espírito mais crítico e consciente, sendo ainda consideradas loucas quando querem saber o que os seus filhos comem no infantário e procuram fazer as suas sugestões. Se assim é ser louco, é destes "loucos" que a sociedade precisa! Se não morremos todos estúpidos (e doentes)!
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